Exposição traz a história brasileira da opressão à corpos indígenas e LGBTQIAPN+
26/04/2024 08:11 em Atualidades

Exposição gratuita encerra nesta sexta (26), às 20 hs. 

 

A exposição “Degenerado Tibira: O Desbatismo” entrou em sua última semana em Belém, com visitação livre e entrada gratuita até sexta-feira (26), no Museu de Arte da Unama da Alcindo Cacela, nos horários de 14h às 20h. Tendo como inspiração o Tibira do Maranhão, pertencente ao povo Tupinambá, documentado como primeiro assassinato por LGBTFobia do Brasil, a exposição conta com a curadoria de Eduardo Bruno (Fortaleza/CE), Waldirio Castro (Campina Grande/PB) e curadoria adjunta de Paola Maués (Castanhal/PA), em busca de trazer reflexões de re-existências LGBTQIAPN+ através de obras performáticas assinadas por artistas do Norte, Nordeste e América Latina.

 

Com mais de 30 obras de artistas do Norte, Nordeste e América Latina, “Degenerado Tibira: O desbatismo” tem Tibira do Maranhão como disparador curatorial, personagem da história não oficial brasileira. Tibira foi assassinado brutalmente no século XVII, pelo crime de sodomia e com a justificativa de purificar a terra das maldades, as frades francesas da ordem dos Capuchinhos, forçadamente o batizaram para que depois fosse assassinado por uma bala de canhão. Sua morte brutal é um símbolo da violência e discriminação histórica que pessoas LGBTQIAPN+ e povos indígenas sofrem no Brasil desde os tempos coloniais. 

 

A proposta da mostra é romper a morte e o silenciamento impostos aos corpos LGBTQIAPN+ pelos dogmas de um cristinianismo conservador, a exposição afasta a salvação que exclui e silencia esses corpos, focando em grupos historicamente minorizados, como forma de motivar o debate sobre as vulnerabilidades de pessoas LGBTQIAPN+, mas também a valorização a produção artística da região, onde artistas do estado também expõe seus trabalhos, juntamente com obras da região Norte, Nordeste e da América Latina e evidenciam a potencialidade dessas, através da valorização e visibilidade de suas narrativas. 

 

Dentre os artistas da exposição, temos em destaque o artista indígena Ziel Karapotó, um dos artistas do pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza, que encontra-se em sua 60ª edição, sendo a mais antiga Bienal do mundo. O destaque é um momento histórico e importante para o artista que expõe a obra “Terra Nova” (2023) na exposição "Degenerado Tibira". Ziel Karapotó é originário da comunidade Karapotó Terra Nova, São Sebastião - AL, formado em Artes Visuais UFPE. É multiartista, produtor cultural, curador e coordenador geral da Associação de Indígena em Contexto Urbano Kara Hoje. Além de Ziel, os curadores da exposição “Degenerado Tibira” também estão participando da Bienal de Veneza. 

 

Destaques como esses são importantes para mostrar a potencialidade de artistas do Norte-Nordeste, principalmente LGBTQIAPN+, de comunidades tradicionais e regiões periféricas, ocupando espaços que outrora não eram acessíveis para suas produções. Dessa forma, potencializando narrativas locais e evidenciando a importância de integração nesses locais, sendo um fio condutor de trocas e experiências estéticas que reinventam impressões através da arte. 

 

 

Para Waldírio Castro, é muito importante que esse intercâmbio artístico aconteça entre o Norte e Nordeste como forma de valorizar as narrativas da região, dando resposta de pulsão de vida e inventividade a processos outrora impostos pelo próprio colonialismo a corpos LGBTQIAPN+, principalmente nortistas e nordestinos, até mesmo para que possamos alcançar espaços longínquos, evidenciando nossa indentidade: “Pensar na história de Tibira do Maranhão como disparadora, inverte o que a mente Cis Hétero Masculina enxerga dessa população, que a vivência desses corpos é apenas enfrentiva, violenta, desafiadora, mas pensar nessa rede que se cria entre artistas LGBTQIAPN+ do Norte e Nordeste, estabelecendo essa relação de compartilhar através da arte e experiências esteticas, outros meios de ser/estar no mundo, para além da violência que nos atravessa.” Afirma o curador, artista e pesquisador doutorando em Artes da UFPA. 

 

O projeto, selecionado pelo Edital de Artes Visuais - Lei Paulo Gustavo, é uma realização da Plataforma Imaginários, com fomento cultural da Secretaria de Cultura do Estado do Pará e Ministério da Cultura. Apoio do curso de Artes Visuais UNAMA, Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagem e Cultura UNAMA, Museu de Arte da UNAMA, Instituto Dragão do Mar, HUB Cultural Porto Dragão e Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Ceará. Conta também com a parceria da Coleção Amazoniana de Arte da UFPA, MAD.RE, Meu Garoto e Multi Análises. 

 

SERVIÇO

 

Última semana da exposição “Degenerado Tibira: O Desbatismo”

 

Data: até 26 de abril de 2024

Horário: 14h às 20h.

Local: Museu de Arte da Unama - Endereço: Av. Alcindo Cacela 287, Belém, PA, 66040-020. 

Visitação livre ao público e entrada gratuita

 

Texto e fotos: assessoria de imprensa

 

COMENTÁRIOS